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Linda História: A Morte do "Eu Não Posso"

O Editor: Bruno Á.
Quando começamos a ir atrás de algum sonho ou meta, surgem situações que nos desafiam. Algumas são tão intensas que acabamos desistindo, alegando que de fato não vamos conseguir. Por isso, a história a seguir, narrada por uma senhora, é dedicada a todas as pessoas que disseram “Eu não posso” a si mesmas. É uma mensagem de esperança que vai tocar o seu coração e te fazer acreditar. 
 
o enterro do eu não posso

Donna era uma professora em uma pequena cidade no estado de Michigan, nos Estados Unidos. A classe dela era igual a outras salas de aula. Os alunos ficavam sentados em cinco colunas, cada uma com seis mesas. A mesa do professor estava na frente. No quadro de avisos pendiam os trabalhos dos estudantes. Parecia uma classe perfeitamente comum, mas senti algo completamente diferente no dia em que entrei pela primeira vez - uma sensação de entusiasmo tomava conta de mim.

Faltavam apenas dois anos para Donna se aposentar. Além de dar aulas, ela se ofereceu para participar como voluntária em um projeto que organizei. No caso, os estudos estavam centrados em assuntos que fizessem com que os alunos se sentissem melhor em relação a si próprios e pudessem assumir a responsabilidade por suas vidas. Donna teve que participar das minhas aulas e transmitir à sua classe o que foi ensinado no projeto. Meu trabalho era visitar a classe e encorajar os alunos a participarem.

Eu me sentei numa cadeira no fundo da sala para assistir. Todos os alunos receberam a tarefa de escrever seus pensamentos e ideias.

 

Uma estudante de dez anos sentada ao meu lado preenchia sua página com frases de "Não posso". "Eu não posso jogar futebol", "não posso fazer uma conta mais difícil", "não posso fazer com que a Deborah goste de mim". Sua página já estava metade cheia e ela não mostrou nenhum sinal de desistência. Ela continuou a trabalhar com determinação.

Passei pela sala de aula e olhei para os trabalhos dos outros alunos. Todos escreveram coisas que não podiam fazer. "Eu não posso fazer mais do que dez flexões", "Não posso andar de bicicleta", "Não posso comer apenas um biscoito". Aquela atividade me intrigou, então eu decidi verificar com a professora o que estava acontecendo. Quando me aproximei dela, vi que ela também estava escrevendo, e achei melhor não incomodar. "Não consigo fazer que a mãe do Samuel venha na reunião dos pais", "Não consigo fazer que minha filha cuide melhor do carro", "Não consigo ensinar o Alan a usar palavras mais dóceis ao invés de insultos".

o enterro do eu não posso

Eu queria entender por que os alunos e a professora estavam escrevendo tantos pensamentos negativos. Voltei para o fundo da sala e continuei a observar. Por mais dez minutos, todos continuaram a trabalhar. A maioria deles encheu suas páginas, outros até escreveram do outro lado.

"Bem, agora todos terminem a atividade e não escrevam em outra página", disse a professora.

Ela então ordenou que os alunos dobrassem os papéis e que colocassem na mesa do professor, dentro de uma caixa de sapatos vazia. Quando todos colocaram os papéis, ela tampou a caixa. A aula terminou, e eu saí junto com os alunos.

Todos pararam no corredor.

Donna pediu que o zelador a entregasse uma pá. Com a pá em uma mão e a caixa na outra, Donna e seus alunos foram a um canto distante do jardim da escola. Ali, Donna começou a cavar. Eles iriam enterrar todos os seus ‘Eu não posso!’. A escavação durou cerca de dez minutos porque todos os estudantes queriam participar. Quando o buraco estava bem fundo, Donna colocou a caixa ali e a cobriu com terra.

o enterro do eu não posso

Trinta alunos de cerca de 10 anos de idade ficaram em volta da “sepultura” recém-cavada. Cada um deles tinha pelo menos uma página de “Eu não posso” naquela caixa. E também a professora.

Nesta fase, Donna anunciou: "Meus queridos, quero que todos deem as mãos, e depois abaixem a cabeça”. Eles formaram um círculo, todos de mãos dadas. Donna, então, fez um discurso:

"Amigos, estamos reunidos aqui hoje em memória de "Eu não posso". Enquanto ele estava conosco aqui na Terra, ele tocou a vida de todos nós, alguns mais, outros menos. Seu nome foi mencionado em todos os edifícios públicos, nas escolas, nos municípios, e sim, mesmo nos escritórios do governo. Nós vamos erguer uma lápide com o nome "Eu não posso" aqui mesmo. Agora, são seus irmãos e irmãs que viverão conosco: "Eu posso", "Eu vou" e "Eu sou capaz". Eles são menos conhecidos do que esse parente famoso que nos deixou agora, e certamente não são tão fortes como ele era. Talvez um dia, com a nossa ajuda, eles se tornem mais fortes em nosso mundo. Descanse em paz, "Eu não posso", e todos nós continuaremos a viver nossas vidas a partir daqui mesmo em sua ausência. Amém."

o enterro do eu não posso

Depois desse discurso, percebi que esses estudantes nunca mais esqueceriam esse dia. Esta atividade era simbólica, uma metáfora para a vida. Era uma experiência que ficaria na consciência e subconsciência de cada um deles. Escrever 'Eu não posso', enterrar as páginas e preparar um elogio foi um tremendo esforço da parte da professora, e a cerimônia ainda não havia terminado.

No final deste ritual, eles voltaram para a sala de aula e prepararam uma festa com coisas gostosas para beber e comer: sanduíches, doces e sucos. Como parte da celebração, Donna preparou uma grande lápide de papelão. Ela escreveu "Descanse em paz, Eu não posso" e pendurou na parede.

Este monumento ficou ali exposto na sala de Donna até o fim do ano letivo. Nas poucas ocasiões em que um dos alunos esqueceu da cerimônia e disse: "Eu não posso", Donna simplesmente apontava para a lápide para lembrar: o “Eu não posso” morreu.

Eu não era um dos estudantes de Donna. Ela era minha aluna. Ainda assim, naquele dia, ela me ensinou uma bela lição.

Agora, anos depois, sempre que ouço a frase "Eu não posso", lembro desse inesquecível funeral da quarta série.

E assim como esses estudantes, eu sempre lembro que o "Eu não posso" morreu.

Fonte: Jarle Refsnes

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